Têm-se estudado muito a importância da microbiota intestinal em diversas patologias. A presença da chamada disbiose e inflamação intestinal em doenças crônicas como depressão e obesidade, por exemplo.
Recentemente se destacou a Akkermansia muciniphila (AKK), uma bactéria Gram-negativa que está presente no intestino humano. A quantidade de Akkermansia muciniphila é inversamente associada à obesidade, diabetes, doenças cardiometabólicas e inflamação de baixo grau. Ou seja, quanto mais AKK presentes no intestino, menor a incidência de síndrome metabólica do paciente.
A baixa quantidade de Akkermansia muciniphila no intestino está associada a uma função de barreira intestinal alterada que leva a um aumento dos níveis plasmáticos de fragmento de bactérias patogênicas (LPS) e, eventualmente, desencadeia inflamação e distúrbios metabólicos como obesidade, esteatose hepática e diabetes.
A Akkermansia muciniphila é dotada de capacidade de aumentar a espessura do muco que reveste o epitélio intestinal, diminuindo, dessa forma, a endotoxemia metabólica e consequentemente inúmeras patologias.
Em nosso arsenal terapêutico de probióticos, pós bióticos e prebióticos, não temos disponível a AKK. No entanto, temos os Bio-MAMPs. Estudos têm demonstrado que os Bio- MAMPs aumentam significativamente a população de AKK. Favorecendo desta forma, a melhora em patologias como obesidade, diabetes, esteatose hepática e o grau de inflamação.
Os Bio-MAMPs apresentam potente atividade anti-inflamatórias (através da redução de citocinas inflamatórias, aumento das citocinas anti-inflamatórias, e promoção da imunomodulação), reduzindo significativamente a permeabilidade intestinal e a endotoxemia metabólica e assim, favorecendo o crescimento e proliferação da Akkermensia muciniphila no intestino.
Cada vez mais, nos surpreendem estudos da microbiota e sua relação com a inflamação e também com o cérebro.
Com base em algumas consultas de pais de crianças com epilepsia, buscando cepas específicas para essas síndromes, tanto estudos de probióticos para epilepsia, como a maneira de se aumentar cepas como Akkermansia municiphila e Faecalibacterium prausnitzii, estudadas para essa patologia.
Encontramos uma pesquisa bem interessante da Federação Espanhola de Epilepsia com pacientes com epilepsia farmacorresistentes. Eles foram tratados por 4 meses com probiótico composto por oito cepas bacterianas, sendo elas: Lactobacillus acidophilus, L. plantarum, L. casei, L. helveticus, L. Brevis B. Lactis DSM32246 , B. Lactis DSM32247, Streptococcus salivarius subsp. Thermophilus adicionando a cadeia CD-2. Os resultados comprovam que 31,1% dos pacientes apresentaram melhoras nas crises, diminuindo em 50%, melhorando sua qualidade de vida. Outro artigo sugeriu as cepas Streptococcus thermophilus, Lactobacillus acidophilus, L. plantarum, L. paracasei, L. delbrueckii subsp. bulgaricus, Bifidobacterium breve, B. longus, B. infantis y CD2, na epilepsia. Além dos probióticos, estudos científicos comprovam a eficácia da dieta cetogênica em pacientes com epilepsia farmacorresistentes, a dieta é caracterizada por baixo teor de carboidratos e elevado percentual de gordura.
Além dos já citados Biomamp´s, para aumentar a presença de Akkermansia municiphila, são recomendados prebióticos como Inulina e Oligofrutose, e o próprio Biomamp da Akkermansia, além de uma dieta rica em fibras e pobre em alimentos processados. Com cereais integrais, leguminosas, hortaliças com talo e frutas com casca. Em relação a Faecalibacterium prausnitzii, uma fibra prebiótica Fibregum B é indicada, além das dietas Med Diet (35% gordura, 22% monoinsaturados) e LFHCC (28% de gordura e 12% monoinsaturados).
A Formularium coloca à disposição para prescrição, diversos probióticos, pós bióticos e prebióticos. Nossos probióticos são classificados como API (Active Pharmaceutical Ingredients – grau farmacêutico) e são livres de alergênicos e organismos geneticamente modificados. Não são reproduzidos em meios de culturas lácteas, meios com componentes lácteos ou qualquer produto de origem animal.
Probióticos são, portanto, importantes alternativas de prescrição para alergias, obesidade, doenças degenerativas e patologias cerebrais como epilepsia e depressão. No entanto, devem ser prescritos como complementares e sob a supervisão do médico, uma vez que são moléstias graves.
Referências
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