Em abril, comemora-se mundialmente o dia da saúde. Em 2017, a data escolhida foi logo no início do mês, dia 7, sendo que a cada ano uma nova campanha é pensada de acordo com o que há de mais alarmante para se discutir e refletir no universo da saúde.
Comumente, ao se pensar em doenças, temos em mente manifestações físicas de enfraquecimento ou reação visíveis do corpo. No entanto, o tema de 2015 foi sobre Segurança dos Alimentos, fazendo-nos refletir sobre o que comemos e como tudo é produzido pelas indústrias alimentícias. Já o de 2016 envolvia duas questões importantes: o combate ao Aedes aegypti e a diabetes. Já este ano, a saúde mental foi o destaque, mais especificamente, a depressão. Uma doença silenciosa, que por muito tempo foi negligenciada e pouco tratada, e que pode atingir todas as idades, desde
crianças até idosos.
O lema da campanha é “Let’s Talk”, traduzido para o português seria “Vamos conversar”. O principal intuito das peças da campanha, bem como dos esforços da OMS (Organização Mundial da Saúde) são voltados para reforçar
a ideia da prevenção e também das formas de tratamento que existem, considerando que a depressão pode desencadear graves consequências para o indivíduo.
Muitas pessoas passam ou estão sofrendo de depressão, sentem uma angústia e um medo de socializar, mas nem ao menos sabem o que têm. E por ser ainda um tabu, alguns nunca conseguem conversar sobre o assunto. Dessa forma, o primeiro passo da campanha 2017 é fazer com que as pessoas falem abertamente sobre o tema e sobre seus sentimentos, a fim de melhorar o entendimento geral do que é a depressão, além de acabar com todo o estigma e falsas afirmações sobre a doença. Como resultado, acredita-se que mais pessoas buscarão ajuda de profissionais qualificados, como psicólogos, terapeutas, psicanalistas e médicos psiquiátricos.
Atualmente, segundo o site nacoesunidas.org, existem pelo menos 350 milhões de vítimas em todo o mundo. Além disso, as mulheres sofrem mais com esse tipo de transtorno mental. Talvez isso possa estar associado à violência psicológica que ameaça as mulheres todos os dias, devido à sociedade patriarcal e machista que vivemos.
Alguns dos principais sintomas são: oscilação de humor, vontade de não sair de casa, medo do convívio com outras pessoas, desânimo para realizar as atividades do dia, falta de apetite, insônia, baixa autoestima, que em alguns casos graves pode chegar ao suicídio. As pessoas sofrem de forma intensa e, por não falarem sobre o assunto, podem não ser muito compreendidas em seu ambiente familiar e de trabalho.
Os equívocos no diagnóstico também são uma pauta que gera preocupação, na maioria dos casos, ou as vítimas não recebem tratamento, ou são enquadradas em graus e tipos errados, dessa forma são diagnosticadas de forma errônea e não passam por um tratamento eficaz.
Pessoas que enfrentaram alguma séria dificuldade em sua história – principalmente relacionadas à traumas e perdas – são mais propensas a desenvolverem a depressão, principalmente se nunca fizeram um trabalho psicológico monitorado por um profissional da saúde. No entanto, o estilo de vida que enfrentamos hoje, com as altas cobranças e o pouco tempo para se realizar tudo que precisamos, faz com que muitos desenvolvam o estresse e, a partir daí, o corpo começa a manifestar doenças associadas a essa condição.
Sobre os remédios antidepressivos, eles podem ser uma solução para casos moderado-graves, no entanto, possuem muitos efeitos colaterais. É necessário sempre o acompanhamento e controle de um médico, realizar atividades físicas e até mesmo se alimentar bem, são passos que também interferem tanto na prevenção, quanto no tratamento.
A World Health Organization está atenta para a escassez de tratamento psicossociais em alguns países, e por isso, criou o Mental Health Gap Action Programme (mhGAP). O programa está promovendo ações prioritárias para suprir essa falta de estrutura, aumentando a oferta de tratamentos voltada para pessoas que sofrem de transtornos mentais, envolvendo os neurológicos e os casos de dependência química. Em longo prazo, a ideia é que as pessoas possam se cuidar a fim de, mesmo com depressão, possam levar uma vida normal.
Segundo dados da OMS, 5,8% de brasileiros têm depressão atualmente, somos o país da América Latina onde a doença é mais recorrente. Outro dado divulgado recentemente aponta que o Brasil é o país com maior prevalência de ansiedade do mundo. É importante observar que em grande parte dos casos as pessoas sofrem tanto de depressão, quanto de ansiedade. Dessa forma, o tema da Campanha da OMS deste ano é muito cabível em nosso país e deve ser cada vez mais discutido e pesquisado, a fim de que surjam novo tratamentos mais naturais e que não causem consequências danosas aos indivíduos.